sábado, outubro 07, 2006

Nada

Foi. Cansada ela olhava, simplesmente olhava: o rosto sem expressão era tudo que poderia significar no momento. Nem a residência, nem o mestrado, sequer o doutorado, nada disto ajudou a ele. Para que, afinal, tudo isto?
Olhando para ele eu me via. O que estou fazendo aqui? Para que ser doutor? Para que tentar, me esforçar, sentir, sofrer, perder, vencer? Por que não simplesmente ir? Por que insistir? Para tentar atravessar este caminho de forma mais agradável possível? O que é tudo isto se não o significado que damos as coisas? O que é o significado se não ilusões que criamos para esquecermos o nada?
Enquanto fechavam os olhos deles, eu fechei o meu, empatia ou reflexo, não sei. Eu vi o fio que nos liga, o antes igual a depois: o mesmo nada, exatamente igual. Por que então tememos o nada, se antes de sermos houve toda uma eternidade? E ainda haverá eternidade quando não formos mais.
Acabou, todos se foram. Senti um tapa no ombro, mas depois me vi sozinho. Afinal, é assim que se morre.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tá em dúvida?
aproveita e morre então!
é a melhor coisa que você poderia fazer

Anônimo disse...

Gostei muito dos seus textos, tenho acompanhado cada post e li os comentários tb do anonymous. Tenho uma receita infalível para ele ser poupado dos seus textos, veja, basta não abrir este blog. Nao é simples, anonymous? Vc, o anonymous, é que é um grande preconceituoso e medíocre.
Leila

Anônimo disse...

Lí e gostei do texto. Outro leitor que escreveu "aproveita e morre então", com certeza não encarou a morte muito de perto ou não brincaria de maneira tão leve.

Ricardo