sábado, maio 07, 2005

Sem novidades no front

Passaram-se uns três meses desde que começou o semestre, e, cheio de experança e vontade de brincar de médico, iniciei este blog. Característica usual de universidades públicas Brasil afora, ainda não começamos o tão esperado encontro com a clínica. O semestre letivo, assim como as outras matérias já começaram, mas como em tudo aquilo que certa classe de seres humanos podem enrolar, só tivemos até agora um encontro com a nossa professora, doravante chamada "preceptora".
Mas não posso dizer que não aprendi nada até agora. Aprendi a tirar a pressão. Admito que tive bastante dificuldade em achar o ponto certo em que pudesse ouvir o pulso do paciente. Cheguei a questionar a minha escolha referente ao futuro profissional. Mas não conseguir tirar a pressão de um paciente talvez não seja motivo suficiente...
Também aprendi que não posso dizer "não sei". Mas eu só sou um aluno, não sou médico ainda, para ser onisciente. Pelo visto, não vou aprender a ser feiticeiro, como sugero o título deste blog, mas Deus...
Achei que tivesse aprendido, até então, que o tratamento deveria ser construído junto com o paciente em um processo de escuta e avaliação onde o conhecimento do paciente deveria ser utilizado para se construir uma lógica de doença e cura e que isto por si só já seria parte da cura.
Mas aprendi que a construção de um efeito placebo deve vir de uma imagem do médico como semi-deus. Especialmente nos serviços de saúde pública de uma grande cidade, afinal é disto que estamos falando: saúde vista como política de massa. Saúde construída sob uma ótica industrial, saúde neo-liberal. É isto que estamos aprendendo, a inserir-se perfeitamente no sistema político que escolhemos (?).
É isto?
Sid

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